A Primeira Vez
Minha mãe colecionava a Revista Cláudia. Em algum momento entre o final da década de 70 e o começo dos 80, uma das edições veio com um editorial fotografado na Big Apple. A cidade não significava nada para mim, mas por alguma razão que nunca entendi, fiquei apaixonado por aquelas fotos, aquele lugar.
Um dia eu iria conhecer Nova York!
O ano era 1998. Nessa época, trabalhava na área de reservas e venda de passagens de uma companhia aérea no aeroporto internacional do Rio. Estava para tirar férias. Meu amigo, Colin, que mora nos Emirados Árabes, estava indo visitar sua mãe em Nova York e me convidou para encontrá-lo. Ir ou não ir? A idéia de visitar finalmente a cidade já estava rondando minha cabeça há algum tempo.
Não tinha dinheiro guardado ou grana pra hospedagem. Colin ficaria na casa de seu primo e me convidou para ficar lá também. Consegui no sistema uma passagem super barata e lá fui eu!
Foi a primeira vez que viajei sozinho para o exterior e estava super ansioso. Quando o avião decolou, fechei a janela, olhei pra frente, segurei nos braços da cadeira e só conseguia pensar que eu era maluco em viajar daquela maneira, no susto, com pouco dinheiro.
Da chegada só lembro do momento que liguei pra casa ainda do aeroporto. Meu pai atendeu e eu disse feliz: “Pai, estou em Nova York…” Ele riu do outro lado. Essa lembrança me emociona muito, por que um mês depois ele faleceria de causas naturais.
Colin veio me pegar. Depois, descobri que fomos pra casa do primo dele em um taxi pirata. 😀
Cansado da viagem, cheguei a casa de Clarence, primo de Colin, e apaguei na poltrona da sala. Acordei no meio da tarde, tomei um banho e saí com meu amigo para a cidade.
Sua casa fica há poucos minutos do aeroporto e a quase duas horas de Manhattan! Para chegar lá pegamos um ônibus (Q5) e depois o metrô (J ou Z, não lembro ao certo) em Jamaica Station.
Estava sentado em um banco lateral no trem, olhando pela janela. Quando percebi que o East River se aproximava, me virei mais e lá estava: Manhattan! Essa imagem do Google Maps ilustra mais ou menos o a primeira vez que a vi:
Confesso que chorei nesse momento. 🙂
Nos dias seguintes saía cedo e voltava quase a noite. Contactei Rosemarie, uma amiga nova-iorquina que conheci no Brasil, e ela me levou a vários lugares.
Andei muito!! Um dia estávamos no Central Park, comendo pretzels e eu disse: “Estou cansado…” Ela olhou pra mim e respondeu: “Você está de férias. Não tem direito de estar cansado!” Guardo isso até hoje quando viajo. E falo o mesmo quando estou acompanhando outras pessoas. Sabe-se lá se haverá a oportunidade de aproveitar aquele lugar de novo?
Meus amigos me levaram a bares, restaurantes, lugares turísticos e até Nova Jersey! Aprendi a andar no metrô, ônibus e a me virar na cidade.
Colin e Clarence brincavam dizendo que eu já parecia um morador da cidade. 😀 Acredito que isso venha do fato de ter conhecido a Big Apple pelas mãos dos nativos.
No avião, na hora da partida, olhei pela janela e vi Manhattan no horizonte. Uma vontade enorme de ficar mais um pouco.
Nesse momento eu soube: Nova York jamais se esgotaria para mim!